
A pedra que compõe a torre da Sé do Funchal continua a ser vermelha e disposta do mesmo modo. A cobertura do pináculo mantém o tom verde azulado. As paredes são ainda caiadas de branco e o relógio continua a dar as suas voltas sem sair do lugar. Um século depois deste postal ser emitido, nada mudou. E ainda bem.
A excepção são mesmo as palmeiras que já não existem. No seu lugar não foram plantadas outras porque é provável que as suas raizes comprometam a conservação do edifício.
Símbolo maior da cidade, esta torre, apesar de não ser das edificações mais altas, é visível de quase todo o anfiteatro do Funchal. Encontrar um cartão postal antigo onde não se vislumbre diferenças com o passar dos tempos não demonstra falta de evolução da sociedade, mas sim o seu contrário, pois nota-se claramente o cuidado na sua preservação com o passar das décadas. É um tesouro que, apesar de ser símbolo da Igreja, pertence a todos nós.
A criação de obras que respeitem os padrões estéticos mais básicos inerentes ao ser humano e o uso de elementos naturais tais como a pedra são intemporais. Não víssemos o tipo de impressão e tratamento gráfico dado a este postal ilustrado e não saberíamos a sua idade.
Na costas do mesmo, mau tempo no mar alto:
/// Funchal 26-1-922
A bordo chegou-se mesmo a passar cabos para as pessoas andarem. Na ponte só agarrados é que se podia estar. O navio sobe amanhã à 1h da tarde.
Deste que nunca te esquece
Alex. ///
Ironia: este senhor teve uma experiência cheia de altos e baixos nos mares da ilha (que iremos para sempre recordar) e envia um postal onde se pode ver um céu limpo. Esperemos que a viagem de volta aos braços da sua amada tenha sido em tons de azul e rosa.

Isso não aconteceu porque, pelo menos um ano antes, já faziam eles as primeiras viagens experimentais de hidroavião entre o Continente e a Madeira. Repetir a viagem seria isso mesmo, uma repetição, algo pouco digno de quem se queria tornar herói.
Fez bem então, Sr. Alex em vir de navio. Este tipo de hidroavião só tinha lugar para os tripulantes e as ondas no mar desse Janeiro mudariam por certo as palavras que escreveria nos seus postais.
Inscrições: | Madeira-Funchal. Tour de la Cathédrale. | Ref: | 0122 | Entr: | 02 2019 |
Editor: | Bazar do Povo | Nº | B.P. 144 | Tipo: | Policr. |
Dimensões: | 8,8 cm x 13,4 cm | Circ: | 26 Jan 1922 | Cond: | 3 |
Costas: | Union Postale Universelle. Madeira. Carte Postale. B.P. 144 Registre | ||||
Notas: | Corte frontal curto no topo. |
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